Somos todos casas assombradas.
Pelas desilusões, pelas palavras que não soubemos ouvir ou que não conseguimos dizer, pelos amores vividos e pelos que ficaram por viver.
Somos casas com janelas de vidros embaciados pelas tristezas. De mobília poeirenta onde, ao passar os dedos, se vislumbram as marcas e o brilho que antes tinham os sonhos agora desfeitos.
Temos candelabros baços no lugar dos olhos cansados de acender e apagar os dias.
E as portas rangem de saudade... de dor. São o lamento, o arrependimento que não ousamos confessar a ninguém.
E há gavetas entreabertas com sorrisos esquecidos. Tantos sorrisos que ficaram por chorar.
Somos todos casas assombradas.
Não pela morte.
Pela vida.