quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Ritmo do meu desejo



Uma noite destas, enquanto acariciavas o meu cabelo com as tuas mãos (que às vezes ainda são minhas), disseste-me que eu era linda...

E fizeste a minha alma dançar ao ritmo do desejo frenético que tenho de ti.

E, subitamente, percebi que podemos sempre acreditar. Nem que seja apenas e só naquele momento. Naquele breve instante compassado pelo movimento dos nossos olhares em busca um do outro, pelos nossos gestos de entrega incondicional... Porque o resto do mundo cala-se. Todos os outros ritmos se silenciam para ficar apenas a melodia líquida de uma união que nos ultrapassa e não sabemos compreender.

Hoje apetecia-me tanto dançar outra vez contigo. Lembras-te quando dançávamos?...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Há já muito tempo...


...que a noite caíu. Mas hoje senti-a chegar, devagarinho, infiltrando-se em todos os espaços que vão de mim às coisas.

Há já muito tempo que tenho medo de abrir os olhos para não ter que ver o eco surdo das minhas palavras esbarrar nestas paredes frias. Um ecoar embriagado de saudade que embate, desajeitado, nas paredes que só são frias porque foste embora. Porque não estás aqui. Porque reflectem na escuridão a tua ausência.

Há já muito tempo que deixou de fazer sentido. Que as músicas se misturam e me chegam numa sonoridade estranha e que não sei reconhecer. Nada acontece. Porque as coisas não acontecem quando não as sentimos. De repente todas as paisagens se transformam e, esteja onde estiver, eu encontro-me sempre perdida.

Há já muito tempo que a noite caíu. Está mesmo aqui. Faz-se sentir. E hoje, mais do que nunca, bela e serena, estende-se até perder de vista...