quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Até amanhã...




Ontem dei por mim no escuro quente da minha cama a procurar a tua mão como quem anseia por um porto seguro.

Onde estás agora para que eu possa perder-me novamente de ti, só para voltar a ter o que encontrar?

Às vezes questiono-me se também conhecerás esta dor de querer muito regressar a um tempo que já não se sabe onde está. Que já não se sabe onde fica. Um tempo que nos foi roubado por coordenadas egoístas que o aprisionam num ponto para nós já indeterminado.

Já provaste essa angústia de não poder voltar ao indefinido que ficou para trás?

Não sei. Mas espera... Deixa-me dizer-te outra coisa.

Sabes que gosto de ti como de mais ninguém, não sabes?

E que era precisamente isso que as minhas mãos te iam dizer se tivessem encontrado a tua.

Ontem dei por mim no escuro quente do meu corpo a querer dizer-te coisas. Como estas. Sem importância. Só coisas pequeninas, amor.

Deixa. Fecha os olhos. Isso... Dorme tranquilo.
Até amanhã.



quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Já é hora de chegar





...

Já é hora de chegar. A tempestade de Verão há já muito que terminou mas ainda tenho o meu corpo molhado e sinto a humidade quente da chuva que se infiltrou em mim.

Porque agora é a hora certa para chegar. Para te mostrar o caminho para casa. Tenho a certeza que não nos devemos separar. Hoje a noite corre, como uma amante a rebentar de saudade, para a tua cama e sinto o tempo como arma apontada à cabeça.

És o crime mais espantoso do meu mundo. Encerras o mistério de tudo o que nunca pode ser deixado para trás.

Já é hora de chegar. E de assumir que fomos estranhos em alguns momentos ao longo da estrada. Talvez agora sejamos amantes fora do tempo...

Quando me beijaste naquele primeiro dia. Beijo louco. 10 anos passaram, não foi? 10 anos é apenas um mar imenso de segundos e minutos e horas num ondular sereno que nos trouxe até aqui. Beijo tatuagem. Morte suave e doce como um reconfortante retorno a casa.


Já é hora de chegar.


...

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

. . . . . . . Disarm You with a Smile . . . . . . .




Noite invernosa de descanso entrecortado por apressadas imagens doces. Ligeiramente líquidas. Vermelhas escuras... compota de cereja numa manhã feliz.

O tempo passou demasiado depressa. Estremeceu as muralhas construídas com os nossos sorrisos, mas não as desmoronou.
Atenuou algumas cores, acentuou outros tons.

Mas os sorrisos que já aconteceram não se desfiguram.
Ficam. Na forma de uma viagem que podemos sempre fazer. Um itinerário a percorrer.

Um dia hei-de dizer... Um dia já foi assim.

Um dia quase tudo já há-de ter sido assim.



quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Embalada pela Ausência




Houve um dia em que te escrevi uma carta.

Não só de palavras, mas daquelas outras cartas.

As que levam com elas pedaços do vento que já alguma vez nos afagou os cabelos, gotas de uma qualquer chuva que já tocou a nossa pele... melodias de encantar que nos fizeram perto apesar da distância.

Houve um dia em que te escrevi uma carta dessas.

Uma página cheia. A abarrotar de sorrisos assustadoramente felizes e de lágrimas tranquilas e tristes.

Lembro-me de querer que ela te dissesse tudo. Como se isso fosse possível... Mas às vezes eu sou assim. Às vezes ainda acredito.

Curioso... Nunca cheguei a entregar-ta. Trago-a sempre comigo, é certo. Mesmo quando estamos juntos ela continua comigo. Escondo-a. Não a vês. Mas está lá.

Quase todos os dias lhe acrescento algum pormenor. Mais um ângulo de luz, uma cor nova, aquela areia que trouxemos connosco da última vez...

E continuo a querer que ela te diga tudo.

Que nela eu própria seja o relevo das palavras para que me possas tactear. E compreender.

Só não sei como acabar de escrevê-la.

O fundo da página ficou em branco. Espaço vazio.

Não sei acabar de escrever esta carta...


sexta-feira, 11 de agosto de 2006

... Sabes? ...




Sabes, às vezes só te ouço a ti.

O som do teu olhar é tão forte que me esqueço de escutar tudo o resto.

As noites têm estado pesadas. Preguiçosamente estendidas sobre nós e auscultando as nossas respirações ofegantes de calor e de prazer.

Na verdade tem sido assim. Sem grandes planos ou projectos. Apenas temos acontecido.

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Apenas?... Às vezes não sei o que digo.

Temos acontecido. E isso pode ser tudo.


sexta-feira, 28 de julho de 2006

[ Incógnita ]




Não compreendo. E irrita-me concluir que o facto de não compreender é um dos aspectos que mais me atrai.

Tento aproximar-me. Aproximar-te. Aproximar-nos. E, quando o consigo, rapidamente destruo tudo o que tinha construído até aí. Deito tudo a perder. E recomeço, invariavelmente, contigo.

Voltar a olhar para mim como um amontoado de possibilidades, de caminhos e de estradas que me podem fazer feliz.
Como uma noite de inesperados acontecimentos que nos podem fazer chorar, sorrir, gritar ou morrer. Mas que nos surpreendem, nos afectam, nos obrigam a pensar. E nos atraem e afastam num jogo confuso de sedução em que vale tudo excepto prolongá-lo até que chegue a luz do dia.

[ ? ]

segunda-feira, 17 de julho de 2006

Hoje tive um sonho...




Mas não vou contá-lo. Não to posso contar. Só para não estragar a estranha felicidade da imaginação.
E que estranha é uma felicidade que não chega a cumprir-se, que não existe a não ser no pensamento...

Querer acreditar em ti mais do que em qualquer outra coisa e, ao mesmo tempo, desejar nunca ter acreditado em ti. Nem sequer na tua existência. Principalmente na tua existência. Que no início me pareceu tão próxima. Tão fácil de alcançar.

Podias ter-me avisado, enquanto me abraçavas, que na verdade havia uma distância tremenda entre os nossos corpos colados que eu não era capaz de ver nem de sentir.
Um abismo cheio de vazios que nos separa e afasta sempre mais de cada vez que estamos juntos e nos tocamos.

Um toque que vai morrendo devagar a partir do momento em que nasce, até que eu fico sozinha a vê-lo desaparecer.

....... ....... ....... ....... ....... ....... .......

Mas foi só um sonho.

segunda-feira, 3 de julho de 2006

** Desejo-te as estrelas **




Porque o mais importante é sempre o que não foi dito... Os espaços brancos entre as palavras.

É bom saber que chegaste a casa. Desejo-te as estrelas, meu amor.

E amanhã quem te vai dizer que eu olhei para ti durante toda a viagem? A querer-te com todas as minhas forças... e tu tão longe de acreditar. O conceito de proximidade é estranho.

Neste momento estou à tua espera (mas... não estarei sempre?), e talvez nem venhas. Ao som desta música hei-de amar-te sempre.

És lindo, sabias?

E eu continuo a desejar-te as estrelas. Mas ainda mais a tua presença aqui.
É esta a minha última fraqueza que o meu amor por ti, ainda que tão grande e tão fora dos limites da vida, não consegue curar...

segunda-feira, 5 de junho de 2006

....... Tempo .......




Há sorrisos nossos que se encontram e fazem o tempo deixar de passar.

Pelo menos o nosso.

Porque temos um tempo diferente quando estamos juntos.

Não feito de ponteiros nem de tics e tacs que se repetem monotonamente numa melodia enfadonha e interminável.

O nosso tempo é feito de pele, de desejo e de prazer.

Não há horas, minutos, segundos...

Há mãos que se entrelaçam em eternidades e há olhares que se eternizam entrelaçados.

Há os nossos lábios numa entrega que permanece na forma de lembrança sólida.

O nosso tempo não passa. O nosso tempo fica.

Somos nós. Aqui. Agora.

quinta-feira, 27 de abril de 2006

Obrigada...




Porque tive medo demais naquela noite e tu estiveste lá.

Porque com o teu abraço me levaste para longe daquele cenário terrível e assustador. E me protegeste de todos os monstros que, de repente, apareciam à minha volta vindos de todos os lados.

Porque foi a tua mão forte na minha que me fez acreditar que aquele instante não era o fim do "meu" mundo.

Porque a tua voz e as tuas palavras fizeram todos os outros barulhos ensurdecedores desaparecerem para ficar apenas o som de tu estares ali, ao meu lado.

Foste a calma de que eu precisei. Foste o amparo que não me deixou desequilibrar ao ponto de cair. Foste a força que, sozinha, eu nunca teria conseguido encontrar dentro de mim.

E o teu olhar transformou as coisas para mim. Para que eu as visse de outra maneira. E através de ti aquele momento foi um bocadinho menos doloroso e angustiante para mim.

É por isso o meu Obrigada... Mesmo sabendo que estas palavras não chegam para compensar a importância de teres estado lá. O tempo todo. Ao meu lado.
Mas agora é tudo o que posso fazer...

DESCULPA... OBRIGADA...

domingo, 9 de abril de 2006

JIGSAW




Ultimamente encontro-te várias vezes enquanto percorres calmamente as ruas da minha alma. Esse puzzle confuso e também assustador de emoções e afectos.

Ultimamente há mais paisagens dentro de mim. Planícies intermináveis de areia fina.
E há brisas suaves. Que me trazem melodias tocadas com notas de esquecimento.
E que afagam as tuas viagens no fundo de mim.

São pianos com teclas gastas de tantas mãos que não os souberam tocar.
São atalhos que se recriaram apenas para que pudesses voltar.

Shhhh...
Escuta.
Fica.


sexta-feira, 31 de março de 2006

Tempestades




Ouvi dizer que, muito provavelmente, esta noite vai haver um temporal.
Não sabem o que dizem...
Esquecem-se de todos aqueles que vivem constantemente numa tempestade interior devastadora, que os faz tombar, mesmo antes de conseguirem erguer-se.
E que sentem no cérebro um remoinho líquido em que todos os pensamentos se dissolvem.

Por hoje vou terminar.
Enquanto espero que a tempestade chegue (ou vá embora?), vou novamente entregar-me à leitura das conversas que não tivemos.
Ainda há muito para ler.
Envolvida neste aroma de ausência. Tua.
Deixo descair a fronte sobre as mãos. Quero continuar a pensar. Mas não é assim. Acabaram os pensamentos.

quarta-feira, 15 de março de 2006

Melodias que vão falando por nós...

Às vezes o meu coração é uma pergunta difícil que não encontra resposta a não ser em ti.

E a vida inteira é pouco tempo para o abraço imenso que te quero dar...

Por isso deixa-me dizer-te. Tenho que te dizer...

"...And you feel like no-one before
You steal right under my door
And I kneel 'cause I want you some more
I want the lot of what you got
And I want nothing that you're not..."








domingo, 5 de março de 2006

Desculpa.




Amo-te.
E mesmo que a minha boca não o diga, é tudo o resto em mim que o pronuncia.
As minhas mãos dizem-no de cada vez que voam delicadas em carícias doces no teu cabelo.
Os meus olhos gritam-no todas as vezes que pousam suavemente nos contornos de tudo o que és. Especialmente na curva do teu sorriso.
O meu corpo sente-o sempre que acontece a fusão explosiva e fatal das nossas peles e do nosso desejo.

DESCULPA.
Sei que é complicado.
MAS NÃO POSSO POUPAR-TE AO MEU AMOR.



"So stay with me
You look in my eyes and I'm screaming inside that I'm sorry"

(Forgive Me - Evanescence)


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Ritmo do meu desejo



Uma noite destas, enquanto acariciavas o meu cabelo com as tuas mãos (que às vezes ainda são minhas), disseste-me que eu era linda...

E fizeste a minha alma dançar ao ritmo do desejo frenético que tenho de ti.

E, subitamente, percebi que podemos sempre acreditar. Nem que seja apenas e só naquele momento. Naquele breve instante compassado pelo movimento dos nossos olhares em busca um do outro, pelos nossos gestos de entrega incondicional... Porque o resto do mundo cala-se. Todos os outros ritmos se silenciam para ficar apenas a melodia líquida de uma união que nos ultrapassa e não sabemos compreender.

Hoje apetecia-me tanto dançar outra vez contigo. Lembras-te quando dançávamos?...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Há já muito tempo...


...que a noite caíu. Mas hoje senti-a chegar, devagarinho, infiltrando-se em todos os espaços que vão de mim às coisas.

Há já muito tempo que tenho medo de abrir os olhos para não ter que ver o eco surdo das minhas palavras esbarrar nestas paredes frias. Um ecoar embriagado de saudade que embate, desajeitado, nas paredes que só são frias porque foste embora. Porque não estás aqui. Porque reflectem na escuridão a tua ausência.

Há já muito tempo que deixou de fazer sentido. Que as músicas se misturam e me chegam numa sonoridade estranha e que não sei reconhecer. Nada acontece. Porque as coisas não acontecem quando não as sentimos. De repente todas as paisagens se transformam e, esteja onde estiver, eu encontro-me sempre perdida.

Há já muito tempo que a noite caíu. Está mesmo aqui. Faz-se sentir. E hoje, mais do que nunca, bela e serena, estende-se até perder de vista...

domingo, 29 de janeiro de 2006

Consegues ouvir quando as minhas mãos chamam por ti?



O tempo tem passado muito depressa e faz-me confusão que tu não passes com ele. Porque já são tantas as noites em que não estás aqui. E mesmo assim parece ser só o tempo que continua a passar...

Não me importa mais que a luz não acenda. Esse não foi nunca obstáculo para que não me visses. Também não me importa que a noite seja fria. Porque me debato com o outro frio. Aquele que está dentro de mim e cruelmente se faz sentir, mas que insiste em não me abandonar. Talvez vingança do tempo em que lutei para te afastar...

É em momentos como este que as minhas mãos se apoderam de tudo o que sou. E escrevendo, chamam por ti. Gritam o teu nome em gestos desajeitados enquanto percorrem freneticamente as letras que vão preenchendo este espaço branco. Como se as pudesses ouvir assim. Como se toda a esperança terminasse no próximo ponto final... Como se toda a possibilidade acabasse exactamente aqui.


(Mas diz-me, consegues ouvir quando as minhas mãos chamam por ti?...)

segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

How many more times?



Hoje, cada vez que quero estar comigo, tenho que fazer um grande esforço para me encontrar. Estou muito longe e estou perdida no palco, no cenário, e no meio de um acto que fui eu própria que criei.

Mas acabo por me encontrar... Estou deitada na minha cama, com o olhar embaciado pela tua imagem, a desejar com todas as minhas forças que te lembres tanto de mim como eu de ti. Estou a desejar que tenhas mais saudades minhas do que de qualquer outra coisa.

Quero que penses na minha voz.
Quero que sintas o meu pensamento.
Quero que te lembres dos meus lábios e que, ao fechares os olhos, encontres a minha boca e a humidade quente dos meus beijos. E quero que sorrias com malícia por teres gostado...
Quero que penses em momentos nossos.
Nas palavras.
No prazer.
Nos sons.
No render...

Quero que te perguntes se as minhas pernas enlaçadas à volta do teu corpo são uma promessa de união momentânea ou se, às vezes, somos um rio e um mar...

És a minha maior sorte. És o meu maior azar. "...Cause you know sometimes words have two meanings..."

domingo, 8 de janeiro de 2006



Esta noite estrangulei o medo que tenho de te ver ir embora.

Melhor dizendo, foi o medo que tenho de te ver ir embora que me estrangulou a mim.

Devagarinho, roubou-me o ar e a serenidade infantil e quase inconsciente de ir respirando.