Há Amores que chegam e permanecem em forma de dislexias.
Demasiado plenos e completos para poderem exprimir-se sem a exaltação e o desassossego de duas almas em queda livre, simultânea e voluntária.
Em alguns dias são como tempestades feitas de arrebatamentos audazes de vontade e desejo comum. Desafiam a vida porque a força dos seus ventos lhes dá a certeza de que existem para se encontrar e se cumprir.
Noutros dias são como um tranquilo e preguiçoso Domingo que se esqueceu de acabar. E que prolonga e confirma num abraço essa não finitude do que se sabe e sente desde o primeiro momento.
São gigantes e imensos um dentro do outro.
Muitas vezes ele elogia-lhe os sorrisos sem se lembrar que é ele quem os inventa para ela.
E, num desses momentos em que dois corpos encostados são muito mais do que dois corpos encostados, ele diz-lhe que ela é a melhor coisa que lhe podia ter acontecido. Mesmo sabendo que continuarão a acontecer-se um ao outro todos os dias.
Mesmo que fechem e voltem a abrir os olhos vezes sem conta.
Porque não há do que acordar quando a realidade acontece para além das margens. E do sonho.
" ABRE LOS OJOS. "