terça-feira, 29 de novembro de 2005

Dualidades...



Hoje escrevo-te com esta estranha sensação de estar a viver num presente eterno.

Eterno por durar há já tanto tempo.
Eterno por ser já tão conhecido.
Eterno por ser, mesmo assim, ainda tão imprevisível...

Hoje escrevo-te perfeitamente consciente da violência das escolhas que têm que ser feitas. Porque sei que toda a escolha é uma renúncia. Toda a decisão é o recusar definitivo de qualquer outra possibilidade.

Hoje escrevo-te, mais uma vez...
Talvez porque hoje eu já saiba que toda a posse implica um renunciar aos objectos que não possuímos.

segunda-feira, 21 de novembro de 2005


Porque é que continuas a prometer-me aquilo que nunca me poderás dar?
E porque é que me deste aquilo que nunca ninguém me tinha prometido?

A saudade que hoje sinto de ti assemelha-se a uma melodia quente, líquida e muito distante. Obrigavas-me sempre a ver o luar, mesmo quando eu não queria...


"And I can't sleep
I need to tell you
Goodnight"
(Evanescence-You)



domingo, 13 de novembro de 2005

And if I say to you tomorrow...


A chuva é torrencial. Parece que faz o mundo crescer. E ele cresce como a dúvida que me assalta neste momento: para sempre ou nunca mais?

O ruído dos teus abraços sufoca-me. Interrogo-me. Questiono tudo. Pergunto porquê. Verifico. Não encontro soluções. Muitas hipóteses. Ainda mais consequências. Canso-me de pensar. Na rapidez de um segundo desisto. De tudo. Recordo. Todas as vozes me irritaram hoje. Todas. Sem nenhuma excepção. Será esta a conclusão mais aterradora desta noite?

Atiro a máscara para o chão. Sinceramente, há muito tempo que sei que já não vale a pena. Não vale a pena usá-la se não consegue esconder os sorrisos que te amam.

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

Por engano...



Deixamo-nos enganar pelos nossos afectos enquanto lá fora o mundo morre. Todos os instantes nos deixamos envenenar suavemente, sugando a liquidez dos dias e das noites que se sucedem sem sentido.

Entusiasmamo-nos ingenuamente com a nossa realidade, porque nos esquecemos sempre que nada da nossa realidade é real para os outros.

E depois caímos nessa noite terrível, cheia de estrelas que não brilham, cheia de um silêncio ensurdecedor, cheia de um luar negro, pesado e frio.

Esquecemo-nos frequentemente de viver, e vamos existindo calma e passivamente numa constante sátira de nós mesmos...