terça-feira, 22 de junho de 2010

Está tanto vento...




Tantos ventos que me tocam a pele.
Uns são de hoje ou de ainda ontem.
Outros são já só ventos da memória. Mas não se sentem menos por causa disso.
E revolvem tudo à sua passagem.
Brisas antigas que escaparam ardilosamente da palavra "passado" e se fazem presentes.

E o vento cerca-me. E o vento prende-me. E o vento abraça-me.
Estranha compreensão essa, do tempo em relação aos ventos.
Prolonga-os num contínuo que só a nós escapa.
Porque nós concebemos a palavra Fim.
Mas o tempo não.


 

terça-feira, 1 de junho de 2010

Boats against the current



Só uma interrogação. Apenas uma. E no entanto a resposta seria suficiente para definir tudo. Seja lá o que isso for. Tudo.
Dantes era assim que eu dizia. Era assim que eu pensava. Era assim que eu sentia:

O teu silêncio soa a dezenas de portas que se fecham, uma a uma. Um eco que embate nas paredes frias do meu imenso medo de já não te ter.
E que se prolonga até eu ter a certeza que é esse o ruído de tu já não estares aqui.

Já não é assim agora. 
O medo? Foi arrastado há muito pelas ondas de um oceano que vive dentro de mim e que eu desconhecia.
Agora ficou só a interrogação. Sem receios. Só a necessidade de qualquer coisa mais parecida com uma certeza.
Uma maré mais calma, que me empreste a sua cama de ondular suave para descansar e da sua espuma me faça sonhos.
Só isso.
Nada mais.
Não ser mais um barco contra a corrente do teu mar.