segunda-feira, 13 de outubro de 2008

1996





Parece que foi ontem.

Parece que foi já noutra existência.

A minha pele lembra-se da sensação de calor que antecedeu o exacto momento do nosso beijo.
Recordo-me também do silêncio terno que foi crescendo à medida que o espaço entre as nossas bocas diminuía. Mel selvagem nos teus lábios.
Expectativa e euforia inocentes. Escolhemos um recanto cheio da cor verde... Um recanto que o meu olhar fotografou e que revisito enquanto escrevo.

Apercebo-me agora, à distância de (talvez) tantas vidas, de como era já absoluto e transparente o que sentia. De alguma forma muito pueril, eras já Paraíso.

Abrimos muitas portas, sucederam-se mares e céus e luas, percorremos caminhos que se desencontraram algumas vezes, mas que se cruzaram muitas mais. Qualquer coisa passou. Tempo, se lhe quisermos chamar assim.
Mas a ausência nunca foi sequer hipótese pensada.

Acho que era aqui que queria chegar. Ou melhor, que queria que chegasses.
Nunca estive ausente. Nunca me senti ausente.
Houve sempre esta continuidade cúmplice e intensa de mim em ti... de ti em mim... e de "nós" no acontecer ininterrupto de cada dia.

É, meu amor. Acho que é isto.
Foi precisamente ali (como se fosse ontem ou já noutra existência), que me descobri a amar-te.
Até hoje.
Ou até outra vida qualquer.



(Sei que estás muito cansado hoje. Por isso te escrevi baixinho. Dorme bem. Até já...)




24 comentários:

De dentro pra fora disse...

Linda esta declaração de amor!...
Que ele continue...assim a crescer...

Anónimo disse...

Não importa muito o nome que lhe damos porque o tempo não deixa de passar. É bom quando algumas coisas se mantêm.

O título 1996 sugere a passagem de 12 anos. Aposto que é bom amar assim.

stranger disse...

simplesmente... lindo!
e que o amor continue ;)

ruth ministro disse...

Lindíssima declaração de amor.

Beijinhos

Hoje sem amanhã disse...

Voltei... Beijo

Eu disse...

Que bom encontrar em minhas andanças virtuais um flog como o seu!
Cada palavra é como água num dia de imenso calor...refresca e alivia a sede!
Um dia de muitas dádivas para vc!
Beijo carinhoso

Rosa disse...

Até sempre...?
*

mac disse...

olá tb.
bonito, as usual. mas nem por isso se gosta menos.
é curiosa a escolha de temas para escrever. em cada pessoa reconhecemos temas que gostam e outros que, por ausência, se nota que preferem não falar.

borrowingme disse...

não consigo deixar em palavras o senti ao ler este texto.
senti uma emoção muito forte ao ler o que aqui possa dizer um bocadinho da minha vida.
sempre adorei a forma como escreves.
é... real, verdadeira!

bom fds.
bjs e até já

Unknown disse...

o importante é descobrir e guardar com (esse) carinho o momento da descoberta :)

beijinhos

Daniel Aladiah disse...

Querida Cláudia
Uma linda e sentida declaração de amor. É bom...
Um beijo
Daniel

Anónimo disse...

Que lindo teu blog Adar com um texto maravilhoso. muito boas, mo' gostou muito, da mesma maneira que o blog, obrigado muito.

Sara S. disse...

Cheguei a este cantinho através de outro blogue, e devo dizer que gostei muito do que vi e vejo, e de certo do que também verei. Este texto está belissimo! Principalmente porqe notasse que foi escrito com o coração. Bjs

Anónimo disse...

Trais-me desde 1996? :(

Já não me derreto contigo.

Maria João Matos disse...

É curioso como não parecia que estava a ler um texto... parecia que estava lá, que estava a sentir um momento! :)

Anónimo disse...

Tinha um daqueles peixes ali do lado chamava-se Tédio, tive q o retirar...andavam sempre a alimentar-me o Tédio.

Gostei do texto, suspirado.

Até já.

Anónimo disse...

Como sempre, dou por mim a ler-te e a recordar tantos pormenores (ou serão pormaiores?) da minha vida... Há momentos que, por mais insignificantes que nos possam parecer na altura, acabam por tornar-se inolvidáveis...
bjs

Rain disse...

Quase um ano depois... i'm back again to "this life"...
O tempo a passar também. "O que somos para além do que vamos sendo?"
Gostei muito, beijinhos.

RAM disse...

I'm back! :)
Porquê não sei...

RAM disse...

I'm back! :)
Porquê não sei...

(Marta Selva) disse...

lindo demais.
suave como um sussurro no ouvido.
;*

Marta Santos disse...

Dispo todos os preconceitos que tenho com algumas palavras quando cá venho , descalço.me, porque acho que só assim me consigo deslumbrar e sentir o que dizes sem resguardos e com os pés bem assentes na terra!
Um bjinho
Marta

marina disse...

já comentei este post em tempos, hoje venho dizer-te que deixei um desafio para ti no meu blog :)

beijinhos *

APC disse...

Shiuuuu!...

:-)