quinta-feira, 24 de julho de 2008

Agora.





E as luzes foram amantes na margem do rio que lhes reflectia a entrega, a volúpia, a rendição.

Há noites que são longas demais para a rapidez fulminante de um amor absoluto.

Há noites que são curtas demais para a lassidão e infinidade de um sentimento que se reflecte no espelho quebradiço da água.

Houve noites... Haverá noites...
A condenação delimitada pelas margens porque o rio não pode senão correr para o mar.

De onde me chega este som de ti?
Estarás já tanto em mim que o meu respirar é um eco do que somos?

AGORA. Fujo do estremecimento violento da realidade e atiro-me dessa margem.
Lanço-me no vento encantado que acompanha o curso do rio e vou ter contigo em forma de sereia.
E tu, pescador, acolhes-me nesse aconchego doce que inventaste só para mim... e já não há mais tempo.

Porque somos PRESENTE.



quinta-feira, 3 de julho de 2008

Brisas





Hoje sou brisa inconsciente, à qual as coisas em redor não devolvem a sensação de existência.

Hoje sou só uma aragem perdida, que vai entoando baixinho melodias tristes de histórias felizes.

Há uma melancolia profunda nas notas de piano que embalam este percurso incerto da minha não-essência que hoje se faz sentir.

Está frio em mim. Mas não tenho janelas para fechar.

Pelo menos não hoje.