quinta-feira, 10 de maio de 2007

Dás-me a mão?





Hoje escrevo-te pela noite fechada de silêncio.
Escrevo-te através da certeza de que a mesma sombra nos une.

As estrelas no céu são inumeráveis. Como pequenos seres das histórias de encantar que se movimentam em focos de luz intensa.

E eu imagino-te aqui para tentar suavizar a realidade de não estares realmente aqui. Materializo-te nas formas mais estranhas. Dou-te voz através de melodias lindas e infindáveis. Vejo-te sorrir na noite líquida que lentamente me vai adormecendo.

Já reparaste como juntos somos capazes de acrescentar ao real uma infinitude de possíveis?
Já te disse que não consigo esvaziar o meu corpo da essência morna e embriagante da tua presença?

As velas estão acesas e a indecisão alaranjada das chamas reflecte-se até aos limites deste meu espaço. A luz está apagada. "Roads", Portishead...
Instantaneamente o mundo está longe. Se calhar nem existe. E esta sonoridade linda que ecoa como se nascesse, agora mesmo, da recordação de ti, do teu sorriso, de tudo o que és.

E não existe mais nada agora.
Podia ir lá fora ver... mas não se pode ver aquilo que não há.

Os meus olhos pesam tanto...

Dás-me a mão, meu amor?