sábado, 29 de dezembro de 2007

Encontro






Foi num instante concreto de uma noite qualquer que as nossas bocas se encontraram no trajecto nítido de uma mesma palavra.

A mesma sonoridade tangível, o mesmo movimento dos lábios, materializando, mesmo ali à nossa frente, o que naquela hora certa precisávamos de ver. Ainda que só esboçado, para logo se esfumar. Concretizou-se, sim. Mas apenas e para perdurar como bruma que nos deslumbra e que habita entre e dentro de nós.

A fascinação que a tua mão provoca na minha permanece estranhamente intensa. Como matriz dos dias misteriosos que os relógios guardam escondidos para mim. Para nós. Gosto mais de dizê-lo assim.

Dessa noite de que te falo e que vai cruzando as nossas outras noites, deixa-me só recordar mais uma vez contigo o aglomerado de destinos cintilantes acima de nós. Iluminando o trajecto seguro das nossas bocas na rota uma da outra... e de uma mesma palavra.