domingo, 13 de dezembro de 2009

Águas Selvagens






E se eu te dissesse que toda esta noite o meu sonho foi um extenso areal sedoso, o desejo a perder de vista?...
Sombras de corpos rendidos ao prazer desenhadas pelos reflexos brilhantes da lua.


Os meus seios feitos dunas numa erupção intensa moldada pela memória das tuas mãos...

O vento a suspirar comigo, num gemido compassado de deleite...

O nu do meu corpo a confundir-se com a areia, em movimentos lentos, enquanto os meus olhos fechados preenchem o espaço vazio com a textura quente da tua pele...

O mar numa dança furiosa e carnal a inundar-me muito mais do que o sonho... a transformar-se no teu toque... a ser de repente a tua boca que me invade ternamente...


E os meus lábios subitamente encharcados... água docemente selvagem...

Respiração ofegante.
A brisa leva-me as palavras que, insana, te murmuro.

A vontade ainda por saciar.
O pensamento num espasmo orgásmico de antecipação do prazer...


E este sabor a nós que ficou impregnado em mim desde que acordei.
Estranha sensação de ter sido outra vez tua esta noite.
Selvaticamente.

Sem tu o saberes.